Comunidade, tribo e casamento



Muitas vezes ouço dizer (especialmente por mulheres) que as crianças deviam ser educadas por uma comunidade/ tribo e não apenas pelo casal. Aliás, no nosso contexto latino, "criados pelo casal" significa, na maioria das vezes, "criados pela mãe" pois é ela que faz todo o trabalho.

Esta afirmação, que é também a expressão de um desejo, costuma surgir quando se fala sobre relações amorosas, casamentos, parentalidade e seus problemas.

Desde que fui mãe, também eu sinto a necessidade de uma tribo e sinto-me profundamente inspirada por textos como os de Osho (de quem eu sempre pensei não gostar) e Travis , que aconselho a todos os jovens casais e/ou pais, especialmente aos homens. (Neste link encontram um vídeo e um capítulo de um livro -http://wantamiracle.blogspot.pt/2011/12/para-os-pais-homens.html).

Comecei a sentir necessidade de ir para além das questões levantadas pela crítica à família nuclear. O que é que procuramos quando desejamos uma comunidade e tribo? A que necessidades pretendemos responder? Trata-se de ter paz? Necessitamos de tempo para nós? É falta de amor e por isso imaginamos uma tribo quente e amorosa? Queremos confiança para entregar os nossos filhos? Sentir-mo-nos apoiadas? Quebrar o isolamento? Permitir às crianças lidar com uma diversidade de aproximações ao quotidiano e vida? Estas são apenas algumas das questões que surgiram agora mas seguramente existirão tantas necessidades quanto pessoas... a que necessidades prociras responder tu quando desejas a tribo?


Tenho reflectido também sobre o facto de a ideia de "quero uma tribo para viver e criar os meus filhos", surgir tantas vezes associada a "o meu casamento, relacionamento não funciona" ou "a minha família não me entende e não entende as minhas opções para o meu filho". O que pretendemos, substituir as nossas relações pessoais actuais por outras mais funcionais?

Sinto que desejar a tribo é também desejar relacionamentos amorosos, familiares, de amizade e comunitários funcionais, partilha com pessoas que se preocupam connosco, nos apoiam e às quais nós retribuímos. Como conseguir tudo isto fugindo dos relacionamentos, comunidades e tribos disfuncionais que temos agora? Em que terra encantada vivem essas comunidades e tribos que respondem às necessidades e características de cada uma das pessoas, infelizes com os seus relacionamentos actuais, que as procura para aí ser feliz?

Eu pertenço a várias tribos e comunidades. Eu, o meu marido e filho, formamos uma tribo. Nem sempre estamos em sintonia e passamos a maior parte da nossa vida separados (trabalho) mas, somos uma tribo.

As pessoas dos dois prédios em que vivemos formam uma comunidade, conhece-mo-nos na rua, sorrimos, trocamos palavras amistosas, preocupa-mo-nos quando alguém fica doente e reunimos para resolver problemas como telhas partidas e fugas de água. Não lhe posso deixar o meu filho ou entrar em casa deles para um chá quente mas, estão aqui.

Na minha freguesia é uma comunidade, são preparadas celebrações como o São Martinho, Natal, Dia da Mulher ou Dia da Criança, não são em dias e horas em que possamos participar mas, existem.

Recentemente, foi criado um grupo de pais e crianças no meu bairro e fazem-me festas divertidas para miúdos e graúdos.

Eu e uma amiga aqui do bairro formamos uma tribo, tomamos conta dos miúdos uma da outra e até houve um tempo em que, com outra amiga, partilhava-mos a confecção das refeições. Dá-me sempre vontade de rir que nos tenham criticado por fazermos a comida umas para as outras em versão take away em vez de comermos todos juntos.... imagino que quem fez estas críticas gostaria de pertencer a outra tribo, com práticas diferentes das nossas? A nossa ideia era, duas vezes por semana, não termos que cozinhar mas podermos desfrutar de uma refeição surpresa e tranquila em família. O objectivo era facilitar a vida doméstica e descansar e não confraternizar e no dia seguinte acordar ainda mais cansados. Aqui fica a descrição do funcionamento da nossa cooperativa de jantares.

A minha família biológica e a família biológica do meu marido somos duas tribos, bem grandes por sinal. Ninguém vive perto de nós, só nos vemos algumas vezes por ano e nem sempre concordamos em relação à forma como vemos o mundo e o apreendemos mas, somos tribos unidas por laços de sangue e de amor.

Quase me esquecia das tribos virtuais que tanto me tem ajudado a fazermudanças reais.

O QUE POSSO EU FAZER PARA ESTREITAR OS LAÇOS E AUMENTAR A SINTONIA NAS TRIBOS E COMUNIDADES A QUE PERTENÇO? É esta a pergunta que me faço muitas vezes!

Eu sou e pertenço a várias comunidades e tribos e eu quero ser a ancora que permite que a comunicação no seio de cada uma delas e entre elas, flua, sem disputas, sem desentendimentos, sem mal entendidos, em paz e harmonia porque eu e os meus merecemos tudo isso.

Mais do que ansiar uma tribo nova, desejo viver em harmonia nas tribos a que pertenço. Opor o desejo de tribo aos problemas que temos presentemente não me parece ser solução. Se essa tribo idealizada não aparecer, como encontrar a ansiada felicidade?

Por tudo isto, deixei de desejar uma tribo para criar a minha criança e passei a ser (ou a tentar ser), com o que e os que me rodeiam, a tribo que cria a minha criança e que se reinventa, a cada dia e, dia-a-dia, a cada momento.
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Como construir tribos e comunidades amorosas e harmónicas?Por aqui tem funcionado com uma leitura de cada vez e uma tentativa de cada vez :)


(Preparem-se, é lindo :)) Foco e respiração na relação amorosa - http://archive.aweber.com/marriagemoats/Pe4V6/h/Marriage_Moats_Focus_and.htm

Sobre o casamento. Ver também links recomendados, no final da página. Não aconselhado a mulheres que acreditam que a perfeição está em homens e mulheres serem iguais - http://sandradodd.com/spouses
Sobre os actos de ternura, em comunidade - http://www.zen-mama.com/2012/02/for-valentines-day-give-random-acts-of-kindness/
Amor, meditação e tantra - http://innerjournies.org/

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"Se alguém o ama, seja grato, mas não exija nada - porque o outro não tem obrigação de amá-lo. Se uma pessoa ama, trata-se de um milagre. Emocione-se com o milagre." Osho




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